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Nova variante do coronavírus: estudo brasileiro indica mecanismo responsável por versão mais transmissível

Pesquisa ainda é uma pré-publicação, ou seja, não foi aceita por revistas científicas e não foi revisada por outros especialistas. Nesta semana, Instituto Adolfo Lutz confirmou primeiros dois casos da nova variante do Sars CoV-2, a B.1.1.7., em São Paulo. São Paulo monitora quem teve contato com 2 infectados pela nova variante do coronavírus

Pesquisa ainda é uma pré-publicação, ou seja, não foi aceita por revistas científicas e não foi revisada por outros especialistas. Nesta semana, Instituto Adolfo Lutz confirmou primeiros dois casos da nova variante do Sars CoV-2, a B.1.1.7., em São Paulo. São Paulo monitora quem teve contato com 2 infectados pela nova variante do coronavírus
Estudo divulgado nesta terça-feira (5) por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto aponta o mecanismo que torna a nova variante do coronavírus mais transmissível. Até então, mais de 30 países apresentaram infecções da nova cepa. O Brasil detectou os dois primeiros casos nesta semana, em São Paulo.
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O Sars CoV-2 tem uma proteína chamada spike em sua estrutura, que interage com um receptor das células humanas, o ACE2. De forma simplificada, o ACE2 é a "porta de entrada" do vírus no nosso corpo. Assim, ele consegue causar a Covid-19.
Por meio de bioinformática, os cientistas brasileiros compararam a força de interação entre a spike e o receptor, como ela acontece na cepa original, detectada em Wuhan, e como é essa interação na nova variante, a B.1.1.7., recentemente encontrada no Reino Unido.
Gerson Passos, que assina o artigo junto a Jadson Santos, ambos do Departamento de Genética da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, explica que os resultados mostram que a força de interação entre a spike e o ACE2 na nova cepa é "muito maior". Essa, segundo ele, pode ser a causa da maior transmissibilidade da variante B.1.1.7..
"Usamos um software para medir essa força de interação. Tivemos que baixar de um banco de dados as estruturas químicas das proteínas, tanto da spike quanto do ACE2, e com a ajuda do programa fizemos a análise. O programa já é desenvolvido pra isso, ele mostra as interações que ocorrem bem ali onde as duas proteínas se 'encostam'", explicou Passos.
Fato é que o software mostrou que a mutação - uma mudança no material genético do vírus - gerou uma troca de aminoácidos que determinou a nova variante. Onde estava o asparagina (N) no RNA do coronavírus de Wuhan, na versão do Reino Unido, agora existe o tirosina (Y).
Passos explica que antes o "N fazia duas ligações" e, agora, o "Y faz muito mais". E completa: "Adere mais na proteína [receptor] humana". Com isso, a pesquisa determinou a relação entre maior força de interação e maior transmissibilidade da B.1.1.7..
O estudo foi apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e ainda é uma pré-publicação - não foi selecionado por revistas científicas e revisado por outros cientistas.
Confirmação no Brasil
Nesta segunda-feira (4), a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo confirmou os dois primeiros casos da nova variante do coronavírus. A confirmação foi feita pelo Laboratório Estratégico do Instituto Adolfo Lutz, que é vinculado à pasta estadual, após o sequenciamento genético de amostras encaminhadas pelo laboratório Dasa, no sábado (2).
Uma mulher de 25 anos residente em São Paulo, que teve contato com viajantes que passaram pelo Reino Unido, é um dos casos da B.1.1.7.. Ela começou a apresentar dor de cabeça, dor de garganta, tosse, mal estar e perda de paladar no dia 20 de dezembro, e realizou o teste do tipo PCR em 22 de dezembro.
O outro paciente é um homem de 34 anos, que a secretaria informou que ainda investiga o histórico do caso, os sintomas e local de moradia.
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